Há quem diga que a vida é cinza. Há quem diga que a vida tem
a cor que você pinta, o que seria então uma vida colorida por algo que não
escolha. Qualquer cor acaba por se tornar cinza, mas não blue. Ela não era
azul, era em analise profunda, cor de pêssego, semi rosada. Mas nem sempre a cor interfere no que se
gosta, se sim blue seria negra com reflexos dourados e teria retrogosto
frutado, era viciada em café, mas não tinha retrogosto frutado, se bem que
nunca alguém havia falado sobre seu retrogosto, questionavam sim sua alcunha:
-pq seu apelido é blue? Seus olhos são azuis?
O mínimo de observação e fuga em seus olhos caramelos (com
retrogosto lacrimoso), evitaria a pergunta estúpida, mas ela via a chance de
enfim verbalizar a coisa toda...
-Não, deixa eu te explicar. É que...
-olha, batatas pela metade do preço. Interrompeu ele – vamos,
eu pago.
E mais uma vez ela desistiu, talvez por preguiça de
insistir, e não falou mais no assunto.
Certa vez no parque, blue se sentou sozinha. Fria. Apesar do
céu azul estava igualmente frio. Por sorte havia um café bem perto, e ela
empunhava o seu copo térmico de papel, engraçado o gosto de anis*... mas enfim,
estava azul de fome.
Fernando sentou ao lado dela, ele tinha biscoito, mas não se
conheciam.
É nesse momento que todos pensam: “ahhh! Mas falta terem
algo em comum”. E com razão, não tinham nada, ele odiava café e ela odiava
azulejos ( menos os azuis).
Mas algo nele (alem da comida) chamou a atenção dela... a
coragem... sorriram, trocaram olhares, se apresentaram.
-Eu sou Fernando, mas pode me chamar de..
Ela mal esperou ele se apresentar, estava faminta.
- meu nome é Fernanda, mas pode me chamar de blue. Já pegando o
biscoito dele...
-Engraçado, pq blue? Você gosta de blues?
-Até gosto, mas o motivo é outro... É que meu sobrenome é
marinho.
-Engraçado, o meu sobrenome é celeste...
Apesar das cores, descores e dias incolores, neste dia marinho
encontrou celeste, e finalmente, ficou tudo azul.