terça-feira, 30 de agosto de 2016

Que seja pt.2




"Que seja livre pois do contrário

perde se a essência,

mas que eu seja então teu porto seguro,

ainda que inseguro e não a sua prisão,

teu campo vasto e não o cabresto.

Que seja então em breve, ou não,

mas que não seja uma entre outras opções

e sim querer,

e que não seja ruptura e sim renascer,

que não te imponha um novo horizonte,

mas que seja um novo elemento em teu horizonte,

nem tão perto, nem tão distante...

que não seja eterno para que não haja prazo ( por mais longo que seja).

Que não seja medo, nem coragem,

nem dor nem ecstasy

, nem bossa nem rock,

mas que seja tudo isso,

ou horas tudo,

outras quase nada.
que enfim não importe o que seja,

quando seja, como seja, que apenas seja,

e que no fim seja você, e eu ainda os mesmos,

e se nada for enfim que seja,

e se a duvida persiste, não tema, SEJA!"


Em meio aos livros todos, a pequena J. escolheu o ultimo, entre tantos poemas, escolheu este, e pensou, se fosse esse o ultimo de sua existência, "que seja". Isso instantes antes da hipócrita carta de suicídio, disfarçada de seja la o que for... tomou o veneno amargo, e assinou o bilhete que dizia:


" Eu gosto quando em meio a tempestade vc vem como porto seguro, gosto quando meu mar de angustia está de ressaca e vc traz calma... mas gosto quando o mormaço fica insuportável e vc vem como tempestade, gosto quando em meio ao conforto todo seu caos ativa meu caos

gosto que vc não seja nem sempre calmaria, nem sempre caos... nem sempre sorriso meigo, nem sempre olhos que seduzem... nem sempre amorzinho, nem sempre um corpo que desejo...

gosto que seja vc, e vc eh boa nisso, só seja...continuarei sendo essencialmente eu e vc, vc... e enquanto nossas existências se satisfazerem por estarem próximas, assim será ... "


Dormiu para não mais ser quem era novamente...
                

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Nem sol, Nem chuva...

Naquela manhã nem o sol, nem a chuva
decidiram valer a pena suas presenças
aquela manhã cinzenta não era sintoma
de um mundo todo cinza, mas tão somente
de uma existência que, em meio a tantas
de tão só sentiu falta, seja do sol, seja da chuva
Mas o noticiário continuava redundante
ululando teorias de conspiração
mas quem, enfim, repara falta de sol e chuva
certamente não se ilude com bons discursos
palavras, apenas palavras
e se fossemos todos apenas palavras
sem corpos, sem sentidos, apenas palavras?
seriamos melhores ou piores?
e se fossemos tudo, menos palavras?
corpos loucos por satisfação
fez se o verbo, antes do corpo, fez se a luz
E se fosse vc apenas essência?
se fosse permitido tirar lhe tudo
roupas, rosto, nome, corpo, coisas
se dependesse sua existência apenas
do que sentem as pessoas por ti
o que seria? melhor ou pior?
e se fosses sol ou chuva
ainda me negaria sua presença nessa manha cinzenta?

O noticiário continua redundante
com seus discursos vazios
querem enganar a quem?
as pessoas continuam redundantes
apenas palavras
para quem?



sexta-feira, 19 de agosto de 2016

folhas secas


Há pouco estava, não mais
Há pouco existia, não mais
as linhas, nas mãos, no corpo, no rosto
contam uma historia, mas chega o ponto final
raízes não sustentam pra sempre
algumas arvores secas, são definitivamente
fria imagem do que foram
uma lembrança no horizonte
do quão efêmero pode ser o corpo
e quão permanente pode ser a existência
E poucos notaram o entardecer
mas o universo deu seus sinais
o vento que antes soprava
agora, com força, carrega as folhas secas
e pela primeira vez, em todo esse tempo
fui grato por vc não estar aqui
por não ter mais um acento na sua dor
por imaginar que num bom cenário
era vc quem viria, com e como o vento
levar as folhas secas....

sábado, 13 de agosto de 2016

daqueles poemas ocultos sobre tudo e nada ser

bastaria que lhe olhassem os olhos
marejados, ha tanto, insones
bastaria a magia do mundinho ideal
dos romances, dos filmes, dos poemas
mais um poema de eu sozinho
mais um poema de livro das mentiras
mais um entre tantos outros
mais um rosto na multidão
invisível, medíocre, patético

Mais uma noite de sábado
é tempo de luzes e musica alta
de sorrisos falsos, beijos falsos
diversão falsa, mas pra que se enganar
ao menos, ainda que falso, ha sorriso
beijo, diversão
mas não... sábado, insonia, poema

solidão é o amargo desejo
de não mais existir
sem ser percebido
se ha algum sentido na existência
é existir pra alguém alem de si
e se não ha sentido, pq existir?

pra escolher com quais olhos se iludir
pra construir novas historias
e perde las, as vezes pra si mesmo
é matar todos os personagens que cria
na ânsia de matar cada pedaço de si
onde ainda ha vida
onde ainda ha desejo de se iludir
que basta os olhos, que olham nos olhos
e força de vontade pra fingir estar bem
pra estar
não está.. talvez nunca tenha estado

Não há...

Não que haja sentido
não que haja motivos
não que haja chances
não que haja, seja o que for

a existência é por si e se encerra em si
ainda que se busque sentido
ainda que se invente motivos
ainda que se espere, seja o que for
não há....

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Sobre sorrisos e o tempo


Há de subverter a ordem do tempo
Não dos fatos, mas tempo, olhar o tempo
Como vulnerável a direção
Há de converter minutos em momentos
Momentos em memorias
Memorias em sorrisos
Converter tempo em sorrisos
Há de se inverter o tempo e
Assim reviver e resignificar
Não importa quanto tempo
Não importa o tamanho da memoria
Converter em sorrisos, não em lagrimas
Sorrisos!
Há de se submeter ao tempo, de fato
Tudo o que a ele pertence
Ou que não nos cabe resolver
Ademais, façamos por nos
“de si pra si”
Há de se precaver do tempo
De se estar o tempo todo
Alheio ao tempo que cura
Ao tempo que se foi
Ao tempo que passa
Ao tempo que lhe tira coisas
Ele não leva nada que não se permita
Ainda que inconscientemente
Ou que seja, de fato, função do tempo levar
Há de se converter o tempo
Em sorrisos, diversos
Com lagrimas
Sem lagrimas
Com vergonhas
Sem vergonha
Com covinhas
Com distancia
Com improbabilidades
Com impossibilidades
Não teus, de alguém que valha o tempo
De se abster do tempo
Pra fazer sorrir, só por sorrir

Há de sorrir e o tempo lhe sorri de volta

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Há caminhos a percorrer
ainda que pareçam esgotadas as opções
ha flores pra se abrir
ha pedras a se tropeçar
ha lagrimas pra chorar
diferentes das que se chora
e sorrisos, dos mais diversos
momentos dos mais intensos
e, sobretudo, ha tempo
ha tempos o tempo se virou
contra aqueles que se voltam
para um passado, mas, é fato
ha caminhos a se percorrer
a questão é como percorrer...