segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Finem Luctus


Como espectro que não assombra
Mas permanece a espreita, silencioso
Nunca mais visto, eternamente sentido
Dando sentido a tudo, permanece

Que não haja corpo, que não haja carne
Que não haja voz, que não haja sorriso
Palavras, olhares, problemas, dor
Tiraram tudo de ti, tirou se tudo de si

“O que nos tornamos quando já não há nada? ”
O que acontece quando a morte chega
E nenhum poema idiota consegue explicar
O quanto dói, o quanto sufoca esse impasse?

Como tudo deve ser quando o luto precisa acabar,
Quando a vida me cobra de ser vivida, não apenas
Lamentando ou sofrendo dores de antes, mas
Com toda força de novos dramas?

E o que acontece quando esperança causa medo
Felicidade causa culpa, muito mais que antes de tudo
Quando tudo que existe de bom, de belo nesse mundo
É indissociável de uma memória tão... trágica?

Como entender que absolutamente ninguém
Vai entender a dor de acordar revivendo
Aquela manhã fatídica, todos os dias
Nem por vc, nem por querer, é inevitável?

E essa dor imensa me cobre de tal forma
Que não posso me ver, ninguém pode
E isso me lembra uma verdade dura
Fiz tantas promessas, são tantos segredos
Que inevitavelmente terei de cumprir

E para isso, contrariar o desejo tão intenso
De fazer o que for, só pela mínima chance de
Reencontrar vc, te abraçar forte
Te dizer que não ta tudo bem, mas ficará

E ficará, nunca mais serei feliz por completo
Visto que nem sou mais completo
Mas preciso fazer por vc o que não fez
Encarar tudo, dedo médio em riste

E cuidar do que precisa ser cuidado
Chorar o que tiver de ser chorado
Fazer o que tiver de ser feito
Viver o que tiver de ser vivido

Pq um ano não rendeu história suficiente
Para te contar por toda eternidade
Mas garanto que o caos que sou
Dará conta disso numa vida inteira

Pq sim, não abro mão de incluir vc nos meus momentos
Não abro mão de viver todos os momentos que virão
Não abro mão, por nós, por tudo, pelo que representa
Não abro mão de conversar em silencio e fingir que vc escuta
Não abro mão de chamar sua atenção pela idiotice
De nos privar e se privar de tudo, mas respeito e entendo
Não abro mão de te amar tão intensamente
Nem de sentir raiva de mim e de vc por não evitar
Talvez não o ato, mas esse dramalhão todo
Enfim, não faço ideia de como é tudo depois de se mudar
Nem se pode me ler ou sentir, nem quero realmente saber
Só quero que saiba que está tudo bem, o mundo continua bem bosta
As pessoas tb, e sim, faço o possível pra ser menos patético
E que esse é o ponto no qual planejei acabar com isso tudo
E entre as opções, escolhi ser o melhor e mais forte possível
E, paradoxalmente, me espelhar em sua coragem
E ficar, ser aquele que vc amou e respeitou até o último minuto

Ps. Se em algum momento vc me le, ou me ouve, obrigado por não responder, sabe que tenho medo dessa porra toda de fantasma... mas se um dia decidir responder, faz com jeitinho, ok?

E não esquece, te amo amiga, pra sempre, e não abro mão de te encontrar, seja quando e onde for!

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Cegueira


I

Eu não vi as pedras do caminho, e não as retirei
Fui descalço, pensei ser a simplicidade algo bom
Acreditei ser um dom não saber ao certo o que sou
Ser o caos, e de fato, enquanto os pés não tocam o chão
As pedras não abrem as feridas, esqueci as feridas
E por não ver as pedras, fui tomado pela ânsia
De seguir a pé, sozinho, descalço, sangrar
Se meu peito sangra que diferença teria sangrar os pés?
Eu não vi os amores, não vi os momentos, não até ser tarde
Tarde demais para ser parte da historia, e criei memorias
Uma linha histórica infestada de rupturas, todas elas
Minha culpa
Não vi as frases nos muros indicando a direção
Não vi os ventos mudando de direção
Não vi a vida se esvaindo, poeira escapando de minhas mãos
Por entre os dedos, não tive tato, tampouco coragem
Não vi as cartas se acumularem, não vi a frustração se aproximar
O tempo, não vi o tempo passar
Mas chega um momento em que não há pedras
Não há muros, não há nada, nada além de um corpo cansado
De feridas abertas, de culpas, magoas, e aquela intensidade
Que outrora me oferecia os céus, me jogam de face ao chão de pedras

II

Supunha se a dor antes de a dor doer de fato
Mas não fora o prever a dor, mas a angustia da nova dor
Que o levara dos céus ao inferno, sem escalas
Não fora a morte, companheira fiel, mas a vida
A primavera, os campos floridos, a esperança
O amor, os protagonistas, risonhos, da dor
Que se sobrepôs a dor presumida
Tornou se dor de fato diluída
No veneno doce da vida

III

Não vi as flores, mas senti seus espinhos
Perfurarem a carne impura, culpa
A desesperança encontra abrigo
Na realidade dos fatos
De fato, inatingível és
De fato, improvável sou
De fato, incrível es
De fato, nada sou
Nada além de invisível
Intragável, impossível
Inadequado
E não vi nada, nada além

De ser nada...

sábado, 15 de outubro de 2016

Piggy's day


São muitas as tempestades, cada qual tem a sua
mas quando a minha e a sua se encontraram
nos fizemos fortes, e eu o cara das palavras
não tenho uma hoje pra descrever o quanto
vc fez e faz por mim, mas tentarei

voce tem cara de leitão desmamado
que não toma agua nunca, e reclama demais
voce fala igual uma matraca desregulada
e foge de carinho como capiroto foge da cruz

com tudo isso, dificilmente seriamos amigos
mas tem algo com relação a vc, que só sentimos
quando o universo nos aproxima de quem realmente vale a pena
tem algo em vc, que te torna uma das poucas amigas que tenho

Voce me faz me sentir em casa
me faz sentir que o mundo não está perdido
me faz sentir que minha mãe não é mãe de todos meus irmãos
tem algumas soltas por aí

Resumindo, apesar de ser uma suinea bebedora de café mimizenta
vc é minha amiga, minha irmã, minha heroina
minha cumplice numas paradinhas aew
e muito alem de parabens, obrigado por existir.

Feliz dia dos Pigs desmamados!!!

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Vergonha + Errados

Refugiados de guerra
intolerância religiosa
étnica, Deus virou as costas
vergonha
A vitória do capital
a vitoria global
do acumulo de riquezas em detrimento
da falência humana, pobreza
vergonha
vazio de poder
banalização do mal
e da violência, ta no jornal
sangue em suas mãos
vergonha
e o caos do mundo
e o caos em mim
seus olhos estáticos
tristes, frios
boca cerrada
casa vazia
o amor reduzido
a papeis rasgados
nunca antes desejei tanto
o fim, de tudo, de mim
a covardia inda me salva
vergonha...

Existe quem é frio e se diz intenso 
e quem de ser intenso se diz frio, 
ambos estão errados.
 Existem pessoas que amam e não dizem, 
e as que dizem amar sem amar realmente... 
ambas estão estupidamente erradas...
 Existem aqueles que tem muitos sonhos
 e não costumam fazer muito pra realizar nenhum
 e outras que se perdem tanto em projetos que mal sonham... 
ambas estão erradas... 
Tem as que escolhem rápido demais,
 as que nunca escolhem,
 as que preferem não lutar, 
as que lutam até quando não se faz necessário... 
existem pessoas que amam tanto 
que desistem do amor na tentativa de fazer o outro feliz,
 e outras que sequer se deixam viver tal amor... 
e ambos ESTAMOS errados...

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Sou


Se foram os pássaros e o coro ululante das manhãs
O cheiro do café, o calor no peito, o sorriso fácil
Se foram as borboletas do estomago, se foram todas
E as vontades, desejos, esperanças, sonhos

Tudo que não era certamente meu, se foi
E quem dera nada houvesse restado
Restei, com tudo aquilo que sou
E tudo mais que não posso evitar

E se pudesse, trato como hipótese, evitaria?
Que seria eu então? O que realmente difere
O ser que sou do ser que fui, e ainda, do ser que,
Quando sonho, gostaria de ser?

Não sou pássaros, nem cheiro de café, nem calor no peito
Nem sorriso, nem amor, nem vontades, desejos, esperanças
Tampouco existo alheio a estes e outros produtos dos meus sonhos

Somos o que somos... ninguém precisa fingir-se feliz por isto.