sábado, 20 de fevereiro de 2016

Permaneço

Quando as cortinas se fecham,
permaneço.
Quando o livro acaba,
recomeço.
Se repenso meus erros,
o maior é sem dúvida
essa incapacidade de desapego;
a inadmissibilidade de finais
independente se felizes
ou infelizes.
Não entendo como podem
deixar de amar,
deixar de ser ou estar.
Não entendo, pois é como
dizer que o rio não é mais o mesmo
se é de sua natureza deixar que
as águas corram.
Qual a natureza tua senão
deixar que o tempo corra
indiscriminadamente?

Algumas coisas não mudam
jamais mudam
essencialmente não mudam
é como revisitar
o mesmo lar seguro
seguindo diferentes caminhos
e não importa tanto, os espinhos
as tempestades
as noites frias
o sol escaldante
Ao abrir a porta, está tudo ali
o cheiro de segurança
o conforto e calor
as lembranças

Quando o livro acaba
os personagens ainda vivem
quando as cortinas fecham
a magia ainda vive
e se repenso minhas virtudes
sou grato por esta natureza minha
de sempre estar
de permanecer
de retornar
de relembrar
que o excessivo uso de reticencias
venha te lembrar sempre
a inadmissibilidade de finais
sejam tristes ou felizes...

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Tempestade

num momento, tudo que estava suspenso
como chuva, precipitou se em mim
as historias há tempos esquecidas
os contos, poemas, personagens
romances, há tanto suspensos
por tempo indeterminado
os postergados, protelados
póstumos e prévios
todos resolveram exigir
o direito de existir, de serem escritos
Mas a tempestade incessante
inda permite ver ao horizonte
meu porto seguro..


domingo, 7 de fevereiro de 2016

Lixo

Vi na TV, que algumas pessoas tem uma patológica tendencia
a acumular objetos, papeis, e outras coisas diversas
que geralmente outras pessoas consideram lixo,
mas para estas pessoas, o acumulo tem algum sentido
provoca conforto, as liga a uma lembrança
traz pessoas de volta, simplesmente as cerca
daquilo que em uma fração de segundos a fez se sentir
importante...
Sou um acumulador, de memorias, de amores, de pessoas
que nem existem na verdade, mas minha fantasia
minha tendencia a acreditar nos inícios
faz parecer que sempre perco demais, erro demais
e no fim das contas, as pessoas seguem em frente
os amores, como já disse, vem e vão
as vezes nem vem, ou não vão, ou nem existem
independentemente... continuo...
não falo dos amores românticos, foram poucos
tb os acumulo, mas digo todos os amores
por coisas, por futuros, por sonhos
simplesmente me cerco do que um dia fez sentido
e que todos me fazem sentir ser lixo
mas não abro mão
me misturo ao lixo
e desapareço...

Ps. Geralmente não me explico sobre o que escrevo,mas hoje precisa. O fragmento acima foi escrito enquanto compunha um personagem especifico (meus personagens sentem), e percebi ser tão parecido comigo em alguns momentos, que resolvi postar... mas aos que se importam, relaxa, não to na Bad uhauhauhauha

Carnaval

E foi Pierre, Filho da carne
e da folia, que em sua alcunha
refletiu o sofrimento do Pierrot
Não ha amor no carnaval

Há um culto à violência banalizada
Há um esquecimento generalizado
Cerveja, Urina e samba
Marchinha, estupro e assassinato

Racismo, opressão de gênero
Capitalizaram a cultura
pular carnaval hoje
Purgar amanha

Purgar na igreja,
cada qual a seu Deus
Purgar na ideologia
acreditar se melhor

Boas pessoas
Salvadores dos oprimidos
Integridade e honestidade
a partir das cinzas

Há um excesso de querer
de desejar, de esconder
mascaras e entorpecimento
beijos, sexo, sorrisos

não existe amor no carnaval
não existe amor.