sábado, 20 de fevereiro de 2016

Permaneço

Quando as cortinas se fecham,
permaneço.
Quando o livro acaba,
recomeço.
Se repenso meus erros,
o maior é sem dúvida
essa incapacidade de desapego;
a inadmissibilidade de finais
independente se felizes
ou infelizes.
Não entendo como podem
deixar de amar,
deixar de ser ou estar.
Não entendo, pois é como
dizer que o rio não é mais o mesmo
se é de sua natureza deixar que
as águas corram.
Qual a natureza tua senão
deixar que o tempo corra
indiscriminadamente?

Algumas coisas não mudam
jamais mudam
essencialmente não mudam
é como revisitar
o mesmo lar seguro
seguindo diferentes caminhos
e não importa tanto, os espinhos
as tempestades
as noites frias
o sol escaldante
Ao abrir a porta, está tudo ali
o cheiro de segurança
o conforto e calor
as lembranças

Quando o livro acaba
os personagens ainda vivem
quando as cortinas fecham
a magia ainda vive
e se repenso minhas virtudes
sou grato por esta natureza minha
de sempre estar
de permanecer
de retornar
de relembrar
que o excessivo uso de reticencias
venha te lembrar sempre
a inadmissibilidade de finais
sejam tristes ou felizes...

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