Há algum tempo não escrevo, seja por
falta de tempo, seja por inatividade do blog, acabei ficando um pouco
relapso. Este ano aconteceram tantas coisas reflexivas, tantas mortes
de pessoas próximas, algumas quase mortes, algumas mudanças
drásticas, alguns desânimos com coisas que sempre gostei, enfim,
minhas reflexões não foram muito animadoras durante o ano.
Mas eis que resolvo compartilhar justo
umas das reflexões pseudofilosóficas menos tristonhas, a mais
recentes delas.
Recentemente recebi um novo ar de vida
em minha casa, a Nala, uma nova gatinha que vem deixando a rotina
mais leve. Pouco depois adquiri algumas mudas de temperos para
cultivar e, obvio, parei pra pensar em que relação tudo isso tem
com tudo que tem acontecido.
Em uma comparação simples de fatos,
percebam que um automóvel, gera um gasto enorme, polui o meio
ambiente, e é objeto de desejo de grande parte das pessoas, mas, por
outro lado, o gasto em se plantar uma árvore é mínimo, você pode
ter ela por uma vida toda, ela não gera prejuízos, na verdade dá
frutos, e não é objeto de desejo de ninguém. Há quem diga que o
carro gera conforto, comodidade, mas acredito de todo coração que
elas não levam em conta que sombras são confortáveis, e que não
tem comodidade maior que respirar.
Onde quero chegar com tudo isso? É
simples, há três elementos na sociedade que me assustam e
incomodam, o primeiro deles é a cultura da violência, quando
ligamos a TV somos surrados por notícias que, se espelhassem toda a
realidade, nos jogariam num status de violência generalizada,
corroborariam com a tese de Hobbes de que o estado natural do homem é
mau, egoísta e violento. Este primeiro me leva ao segundo elemento
assustador, a cultura da morte, as pessoas preferem pensar em morte
que em vida, como se uma não fosse consequência lógica da outra,
como se a morte do outro não fosse dotada de toda uma ausência de
vida, e digo vida no mais alto grau de experiências, amigos,
família, amores, desejos, risos, choros... As pessoas não se
importam de pensar a morte de forma isolada, de desejar a morte do
outro por ter feito algo feio. Não se importam mais que o personagem
principal morra, e ate desejam isso. As pessoas não percebem que
banalizar a morte minimiza a vida, e que vida e liberdade são os
únicos bens reais que valem a pena lutar... e isso leva ao terceiro
elemento... O mundo está cada vez mais material.
A felicidade parece ser baseada em
quantidade, e quanto mais se tem, mais se acredita ser feliz, ainda
que seja uma felicidade virtual demonstrada em fotos de rede social,
ainda que seja uma felicidade de ostentar o que não tem, ainda que
seja a felicidade de desejar que no fim de tudo, dinheiro traz
felicidade, coisas nos tornam felizes e livres, e VIVOS...
Ok, e o que me faz feliz?
As vezes encontrar uma banda nova ou
uma música que me toque, as vezes ler uma história real ou não de
liberdade ou de amor real, as vezes olhar e ver que tenho tudo que
amo bem perto, que não preciso comprar amor, amizade, família,
momentos, olhares, cuidados, sorrisos... Por fim, entender que há um
ciclo de vida e morte, que sofre muito com a ansiedade deste mundo
violento, que dinheiro traz dor de cabeça, e o suficiente é
suficiente, que cada sopro de morte traz um furacão de vida, e que
enquanto houver vida, há chance de recomeçar do zero.