segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Reflexões - violência, morte, materialidade

Há algum tempo não escrevo, seja por falta de tempo, seja por inatividade do blog, acabei ficando um pouco relapso. Este ano aconteceram tantas coisas reflexivas, tantas mortes de pessoas próximas, algumas quase mortes, algumas mudanças drásticas, alguns desânimos com coisas que sempre gostei, enfim, minhas reflexões não foram muito animadoras durante o ano.
Mas eis que resolvo compartilhar justo umas das reflexões pseudofilosóficas menos tristonhas, a mais recentes delas.
Recentemente recebi um novo ar de vida em minha casa, a Nala, uma nova gatinha que vem deixando a rotina mais leve. Pouco depois adquiri algumas mudas de temperos para cultivar e, obvio, parei pra pensar em que relação tudo isso tem com tudo que tem acontecido.
Em uma comparação simples de fatos, percebam que um automóvel, gera um gasto enorme, polui o meio ambiente, e é objeto de desejo de grande parte das pessoas, mas, por outro lado, o gasto em se plantar uma árvore é mínimo, você pode ter ela por uma vida toda, ela não gera prejuízos, na verdade dá frutos, e não é objeto de desejo de ninguém. Há quem diga que o carro gera conforto, comodidade, mas acredito de todo coração que elas não levam em conta que sombras são confortáveis, e que não tem comodidade maior que respirar.
Onde quero chegar com tudo isso? É simples, há três elementos na sociedade que me assustam e incomodam, o primeiro deles é a cultura da violência, quando ligamos a TV somos surrados por notícias que, se espelhassem toda a realidade, nos jogariam num status de violência generalizada, corroborariam com a tese de Hobbes de que o estado natural do homem é mau, egoísta e violento. Este primeiro me leva ao segundo elemento assustador, a cultura da morte, as pessoas preferem pensar em morte que em vida, como se uma não fosse consequência lógica da outra, como se a morte do outro não fosse dotada de toda uma ausência de vida, e digo vida no mais alto grau de experiências, amigos, família, amores, desejos, risos, choros... As pessoas não se importam de pensar a morte de forma isolada, de desejar a morte do outro por ter feito algo feio. Não se importam mais que o personagem principal morra, e ate desejam isso. As pessoas não percebem que banalizar a morte minimiza a vida, e que vida e liberdade são os únicos bens reais que valem a pena lutar... e isso leva ao terceiro elemento... O mundo está cada vez mais material.
A felicidade parece ser baseada em quantidade, e quanto mais se tem, mais se acredita ser feliz, ainda que seja uma felicidade virtual demonstrada em fotos de rede social, ainda que seja uma felicidade de ostentar o que não tem, ainda que seja a felicidade de desejar que no fim de tudo, dinheiro traz felicidade, coisas nos tornam felizes e livres, e VIVOS...
Ok, e o que me faz feliz?

As vezes encontrar uma banda nova ou uma música que me toque, as vezes ler uma história real ou não de liberdade ou de amor real, as vezes olhar e ver que tenho tudo que amo bem perto, que não preciso comprar amor, amizade, família, momentos, olhares, cuidados, sorrisos... Por fim, entender que há um ciclo de vida e morte, que sofre muito com a ansiedade deste mundo violento, que dinheiro traz dor de cabeça, e o suficiente é suficiente, que cada sopro de morte traz um furacão de vida, e que enquanto houver vida, há chance de recomeçar do zero.

Um comentário:

disse...

Que lindo, vamos continuar vivendo...