Realmente não vejo graça em ser neurótico, mas dias nublados
não são os melhores para meu humor... não sou bem do tipo feliz com dias
ensolarados, nem com dias chuvosos, mas dias nublados me deprimem facilmente.
Busquei entender a causa deste mal, poderia facilmente se
justificar pelo fato de me sentir preso, gosto de poder sair de ambientes
incômodos e como o tempo também me é incomodo, acabo por ficar preso ao que me
é incomodo, mas sabendo se que o ambiente pode não ser incomodo ( raramente ),
ainda não entendo por que me irrito tanto....
o fato é que o mundo não compreende a arte, dizem que ela é
profunda, surreal, magnifica... mas a profundeza da arte é impenetrável como a
alma do artista, a surrealidade não passa de incompreensibilidade
magnificamente subentendida como reflexo do externo, mas, não seria o externo
reflexo da arte, sendo que o real é ainda mais incompreensível que a própria
arte?
De tantas incompreensíveis invenções humanas esta o amor. Ah
o amor! De tao coloridas formas, e tao formosas coloridades, o amor é arte, e a
arte se serve bem do amor.
Se tudo que é belo é arte, nunca vi nada que se comparasse a
arte daqueles olhos cor de terra molhada, sobrecenhos expressivos, os lábios,
cabelos, pintas, orelhas... o olhar.
Me tornei reticente como todas a vezes que devaneio sobre
ela, minha vida se tornou reticente por ela, mas o homem teme tornar imperfeito
o que perfeito lhe parece quando idealizado, e eu, de tao covarde que fui,
juntei as flores e poemas que escrevi, e guardei junto as lagrimas que me
esqueci de chorar...
me lembrei das lagrimas apenas quando, por fim, depois de
eras de anonimato resolvi me apresentar. Imaginei as mais diferentes formas de
o fazer sem me sentir ridículo, porem, enfim, eu sou ridículo, e quem não é?
Apanhei minhas cartas e ditei sua vida, mas ela mal percebeu
que não era eu, e sim ela, parca funcional, ditadora das regras que enfim, me
impunha, e sem querer, escravizei me aos teus encantos, permiti a escolha de
ser amigo de alguém que amava.
Mas foi escolha...