segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Devaneio nº 02

Eis que em um momento, indefinido e indefinível
uma partícula inominável, dotada de vida
inicia seu movimento na existência
não sabe ela que a porção consciente
é consciente de uma ínfima parte das coisas
coisas que são uma ínfima parte de um todo
que é uma ínfima parte do nada que a antecede
e eis que este movimento constante, porem nunca linear
atravessa por vezes a orbita de outras partículas
muitas vezes também dotadas de vida
as forças que movimentam estas são desconhecidas
mas existem
e por desconhecer nomeiam, dissecam, determinam
mas são tantas as forças
e eis que uma delas, aquela nominada amor
por conveniência e nem sempre por convivência
apos tanto tempo, tempo este humano
acaba por determinada como "sentimento"
ou enquanto força, atração, por outra partícula
dotada de vida ou não
possuidora de corpo de carbono ou não
e aquelas duas partículas, atraídas por esta força
entram em rota de colisão
e ao colidir, jamais voltarão a ser as mesmas
ainda que haja uma força de repulsão posterior

Onde está o problema então?
O controle sobre o movimento continuo é minimo
mas influenciamos diariamente a direção em que
a proa aponta, e nem sempre é pra onde desejamos
realmente ir, as vezes é simplesmente onde o orgulho
a inveja, a esperança ou qualquer artificio
nos leva...
Claro que as partículas se aproximam e se afastam, é um movimento
continuo... quase previsível
o sofrimento é a negação deste movimento
é a incapacidade de se adaptar ao mesmo
de antever colisões e desvios....

O amor é sofredor...
pq amar é negar que o movimento pode
de uma hora pra outra afastar a partícula amada
as vezes por um movimento mal planejado
as vezes por uma falha na hora de apontar a proa
alias, as chances de proas apontadas para diversas direções é incrível...
amar é conscientemente se forçar a não aceitar erros
não aceitar falhas
não aceitar nada alem da própria dor
de negar a si mesmo
é estar a deriva...

e se o amor for na verdade
o nada que antevem a este tudo que dizemos
e se for na verdade aquilo que te move
aquilo que te cerca
aquilo que negas quando diz amar

e se amor for a capacidade louca
de manobrar o barco de volta
não importa o quanto maluco pareça
manobrar pra longe, e pra perto, como
se desviando de tudo, sem perder de vista

e se... todo esse devaneio
não passar de uma reflexão lunática
uma tentativa estupida
de entender as coisas...







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