quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Da razão e o amor

E eles falam de amor, insistentemente falam
falam de guerra por amor a Deus
falam de amor à causa
falam de amor platônico
falam de amor a vida
falam do amor que não tiveram
do que desejaram

eu falo de amor pois vi aqueles olhos
senti meu corpo identificar depois de anos
os mesmos cheiros e gestos
falo de amor irracional
de amor que me faz perder razão
me faz ter sentido
mas... e se amor for outra coisa?

e se o amor não passar de uma condição humana
uma combinação fortuita de hormônios
excreções e recepções
assimilação de oxitocina ou serotonina
falta de cafeína
manipulada e condicionada
por uma série de discursos históricos
que criaram nosso modo de pensar as coisas
e de considerar os fatos e sentimentos
e tendo como sentimentos as respostas
dos sentidos orgânicos
aos estímulos internos e externos.

Considerando ainda que o grande ente
sobrenatural por natureza fosse,
posta a naturalidade dos sentidos,
natural ao homem
o inominável ser, indizível nome
seria assim o criador
obra e criação da mente
da própria criatura?

E tendo isto por certo
tendo a criatura criado seu criador
sendo inerente a esta a capacidade
de raciocínio lógico
a razão por assim dizer
como pode ser a criatura/criador

maior e mais importante que o criador/criatura?

não há razão pro amor... não há...
eis a unica coisa que prefiro fazer irracionalmente...
amar...

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